A arrancada histórica do e-commerce no ano que passou marcou o início de uma era quando pensamos em comportamento de consumo. Vimos transformações tão rápidas a ponto de impressionar os mais visionários líderes do setor, que comemoram os novos hábitos de compras observados na população. Alimentos, bebidas, carros e até mesmo dólar (!) – não faltam possibilidades nem aplicativos para consumir sem ter trabalho para pesquisar e, o melhor de tudo, sem precisar sair de casa.
Apesar dos números espetaculares (de acordo com a FecomercioSP, o e-commerce cresceu em seis meses o que cresceria em seis anos), há muito o que ser feito para explorar todo o potencial do comércio eletrônico no Brasil. Digo isso porque venho acompanhando os diversos gargalos enfrentados principalmente pelos lojistas de pequeno e médio porte, relacionados com inteligência logística, mecanismos de entrega e, mais recentemente, com higienização das mercadorias.
No início da pandemia, quando muitos lojistas foram obrigados a fecharem as portas, houve um movimento brusco em busca de vender pela Internet, ainda que não houvesse nenhuma estrutura pensada para este fim. O resultado é que muitas empresas precisaram recorrer ao bom e velho jeitinho brasileiro, recebendo pedidos pelo WhatsApp e organizando-se com os recursos que estavam ao seu alcance – afinal, qualquer modelo era melhor do que não vender. Resumindo: sem cultura digital, o improviso prevaleceu e o jogo de cintura brasileiro manteve a renda de muitas famílias.
Mas este cenário do ano passado não representa mais a realidade; em 2021, o comércio eletrônico já começa a todo vapor. Há uma tendência crescente do movimento via marketplaces, onde pequenos lojistas estão obtendo excelentes oportunidades para vender em plataformas maiores e crescer mesmo em um ano de baixa na economia.
Paralelamente, muitos players de tecnologia, inclusive os gigantes mundo afora passaram a olhar com bons olhos para o Brasil. Sendo assim, os lojistas que atuam em categorias específicas precisarão se preparar para acompanhar o crescimento veloz de seu mercado, uma vez que serão exigidos cada vez mais conhecimentos profundos de nicho.
A situação mais preocupante se desenha para aqueles que ainda não pensaram na melhoria de seus processos e, quando penso nisso, estou me referindo aos investimentos em tecnologia. No Brasil existem inúmeras soluções voltadas para e-commerce, ou seja, quem não procurar conhecer melhor as possibilidades de crescimento, certamente abrirá espaço para que o concorrente o faça. Isso sem mencionar que muitos e-commerces de grande porte já realizaram investimentos expressivos em tecnologia e tráfego nos últimos cinco anos, o que faz com que os maiores nadem de braçadas e com melhores chances de fisgar o peixe.
Seja qual for o porte da loja, investir em tecnologia é fundamental tanto aprimorar questões logísticas e de entrega quanto para a estratégia de vendas. Pense que todas as decisões precisam ser reavaliadas constantemente e este é um dos fatores que faz com que os negócios digitais evoluam diariamente.
Quando não se prioriza tecnologia de ponta, uma loja virtual deixa de ser assertiva com seu usuário. Basta lembrar que, no e-commerce, não existe nenhum contato físico com o cliente durante o processo de venda; logo, as ferramentas de interação online devem ser intuitivas, fluidas e toda informação deve ser clara. Sem sistemas, nem mesmo a navegação pelo site funciona perfeitamente. O que dizer então de um conteúdo dinâmico baseado no comportamento do usuário?
Se 2020 foi extremamente positivo e trouxe tantas oportunidades para o comércio eletrônico, 2021 promete ser o ano de novos modelos de consumo, de vender e de entregar. É um movimento que deve acelerar ainda mais nos próximos meses e quem estiver mais preparado, certamente colherá frutos mais maduros no tempo certo. Há muito espaço para crescer, mas para isso é preciso fazer mais pelo e-commerce brasileiro. Que tal começar agora em vez de esperar as grandes datas comerciais?
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Fonte: @Estadão